quinta-feira, 16 de abril de 2015

A Casa dos Pássaros

Os cucos têm um ninho na nossa linda ameixeira. No ano passado depositaram lá três ovos lindos, azulados, de que nasceram três passarocos gorduchos que tentámos resguardar, com uma rede e dobrando alguns galhos, mas ainda assim, os pobres foram "apanhados" por algum gato caçador, que os papou sem dó. Os nossos dois bichanos gordos, que nunca saem de casa, também os teriam querido comer se pudessem...

São coisas da natureza, para uns comerem, outros são o alimento.





Como o ninho original está muito exposto, decidimos colocar um abrigo numa posição mais segura, numa orientação menos acessível a felinos gulosos.
A "casinha dos pássaros", instalada no início da primavera, ainda nem havia folhas na árvore, está já semi-oculta agora, que a folhagem já está bem espessa.
Resta esperar para saber se os nossos inquilinos voadores estarão interessados em regressar, e em se instalar no seu novo domicílio... tive muita pena quando encontrei o cenário catastrófico e me deparei com a morte das criaturinhas indefesas...

Temos de nos conformar de que há coisas que não podemos salvar. 

Como um pássaro que caiu na chaminé. Arranquei o cano de ferro e a placa da lareira, mas não consegui chegar a ele, nem ele a mim. Piou, primeiro em desespero, depois cada vez mais resignado, até que o pio se fez mais fino e acabou por se calar. No fim cantava-lhe, suavemente, para o adormecer, uma cantiga que lhe inventei, para me dizer a mim também que a morte é só um adormecimento inevitável, e que há-de vir a todas as aves, até à da minha alma. Espero que ele voe agora livremente em torno da casa, em espírito. Pelo menos imagino, para não imaginar só os seus ossinhos frágeis a decomporem-se lá dentro das paredes, onde vão ser defumados quando eu acender o lume, no inverno.
Inventarei um deus que o guarde, e um céu que o acolha, para não ter pesadelos nas noites escuras de tempestade, quando me lembrar dele enquanto a aquecer-me à lareira.

Uma vez o Artur salvou um pássaro que caiu no respiradouro da casa de banho, abriu a caixa de metal e ele saiu, espavorido (tivemos de fechar os gatos para o não caçarem) e eu tive-o nas mãos, o coraçãozinho a correr a mil à hora (os deles são sempre assim, eu sei, mas acho que estava a mil e cem, então), que nem levantou logo voo quando abri as palmas na varanda em frente ao mundo. Acho que ele contemplou tudo uns instantes antes de se decidir. Depois foi, muito depressa, e pousou, metros à frente, num galho, e ficou-se ali. 

Não sei o que pensam os pássaros, mas se pensarem, que pensem só no futuro e se esqueçam depressa dos buracos escuros do passado, aonde moram só os pesadelos dos homens.

É uma questão de sorte, uns salvam-se, outros não.

Não importa o que possas pensar, prevenir, tentar acautelar. Hás-de cair nos buracos e salvar-te-ás dos que te salvares. Se escapares, voa para longe, em direcção ao azul infinito, e não olhes para trás.

Plantações de 2015

 Os tomates coração-de-boi estão plantados. Espero que peguem bem, porque eram fortes e vinham já bem crescidos. Plantei-os ao fim da tarde para os proteger do calor excessivo da tarde.
Ficaram bem regados, e felizes, espero... nos dias seguintes foram arrebitando e parece-me que  todos sobreviveram ao impacto do transplante.
Falta-me comprar e plantar meia dúzia de pés de tomate chucha (xuxa? xucha? shusha?????), e devo fazê-lo em breve. Gosto dos coração-de-boi em saladas, mas para compota, o chucha é muito melhor, mais doce e menos fibroso.
Lembro-me que, no primeiro ano, plantamos tudo (tomates, abóboras, pimenteiros, ...) no dia 25 e Abril. Nunca gosto de deixar passar a data sem plantar tudo, quase compulsivamente. Se ficar tudo preparado neste primeiro mês de primavera há muito mais tempo de produção... já tivemos anos com produção de tomates até Outubro!

A rúcula também está a crescer bem. Já transplantei diversos pés para rodear os tomates, como quem já prepara a salada de antemão, mas tenho de ter cuidado, para não transformar o canteiro numa selva!
Confesso, este quintal, que sendo do Artur, o Artur abandonou, e me ficou assim entregue, é tratado sem grande critério, mais por intuição do que por conhecimento. É uma conversa, entre mim, a terra, e as plantas, e vai resultando... e o Artur, agora entretido noutras "sementeiras", vem cá quase só visitar-nos, e comer os frutos colhidos!

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Alfazema

A nossa alfazema quase morreu, no verão passado, na varanda, do calor e das falhas de rega. Culpa minha.
Salvei-a a tempo ao mudá-la para o jardim, e ela apreciou a mudança, retribuindo com pujante crescimento e flores numerosas e aromáticas, para alegria e excitação das abelhas que a frequentam o tempo todo.
É uma boa companhia nestas tardes de primavera, que dão sempre origem a novos textos no blog.
Depois do interregno de inverno, voltámos ao jardim. Há trabalho para ser feito, ervas daninhas para tirar, sementeiras a fazer, plantações a planear.
Este ano vamos ter pouca agricultura. Focar-nos-emos nos básicos: tomate, rúcula, ervas. A cidreira e a hortelã são auto-suficientes, a salsa também, embora menos agressivamente. Os limões apareceram finalmente  em quantidade e, na ameixeira, após uma poda bastante eficiente, já temos bons indicadores de que poderemos contar com uma colheita no verão. Ou assim esperamos...
Seja como for, se correr tudo tão bem como correu com a alfazema, não teremos razões de queixa.